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terça-feira, 24 de maio de 2011

SÍFILIS


 
A sífilis é uma doença infecto-contagiosa, crônica, que tem como bioagente uma bactéria tipo espiroqueta denominada Treponema pallidum. Descoberta por Fritz Richard e Paul Erich Hoffman em 1905, esta bactéria, cujo único reservatório é o homem, possui forma de espiral podendo ser facilmente observada através do microscópio ou por métodos de anticorpos fluorescentes (SARACENI, 2005; BRUNNER & SUDDARTH, 2009).
Desde o ano de 1986 a sífilis é enquadrada como uma doença de notificação compulsória. Segundo o MS (Ministério da Saúde) ela é uma doença reemergente devido ao aumento do número de casos em países em desenvolvimento e um importante problema de saúde pública.
  Isto se deve em grande parte por a doença se apresentar com manifestações temporárias, ou seja, períodos de atividade e latência, o que leva a pessoa infectada a achar que está curada. Mas os sintomas ressurgem ainda mais fortes se não for tratada de forma eficiente. Pode também ocorrer do indivíduo contaminado, sem saber da contaminação, fazer uso de antibióticos para outros fins, mantendo-se desta forma assintomático por um longo período, escondendo o potencial de transmissibilidade.
Um estudo realizado em 2004 com parturientes, mostrou que cerca de 1,6% das mulheres no Brasil tem a doença no momento do parto e que por ano registram-se 50 mil gestantes com o quadro de sífilis (BRASIL, 2006; 2010).


Transmissão

Sua transmissão é predominantemente sexual, seja de modo vaginal, oral ou anal, mas também por via materno-fetal (transplacentária). Embora a mãe possa contaminar o feto durante a gestação, ainda não se verificou a transmissão da bactéria através da amamentação (AGUIAR & RIBEIRO, 2006).
A transfusão sanguínea é outro meio de transmissão, se o sangue transfundido estiver contaminado pela espiroqueta. Até mesmo através do beijo é possível se transmitir a doença, se a pessoa infectada estiver com lesão na boca.
Embora todos estejam susceptíveis a contaminação pelo Treponema pallidum, somente 30% dos casos em que há contato com a bactéria desenvolvem a doença, mas infecções anteriores não determinam imunidade frente a novas exposições da bactéria (CIRIADES, 2009).

  Sintomatologia
                                                          
Os sintomas variam de acordo com o estado da doença e de pessoa para pessoa. De maneira geral aparecem lesões cutâneas (cancros) que podem surgir na vagina, pênis, boca ou reto. Elas têm duração de 04 a 05 semanas desaparecendo espontaneamente sem deixar cicatriz (BRUNNER, 2009; AGUIAR & RIBEIRO, 2006; BRASIL, 2002; RODRIGUES, 2000).
A doença desenvolve-se lentamente em três estágios: primário, secundário e terciário. No primário é quando ocorre a primeira infecção, sendo mais difícil de ser observada nas mulheres, pois os cancros surgem na maioria das vezes dentro do canal vaginal ou dentro da boca. Inicialmente é uma pápula de cor rósea que evolui para um vermelho mais intenso. Em seguida uma ulceração com bordas rígidas e lesão única aparece no local da infecção. Nem sempre é dolorosa, dificultando sua identificação (AGUIAR & RIBEIRO, 2006).
Na mulher é mais frequente nos pequenos lábios, parede vaginal e colo uterino. No homem é mais comum no sulco balanoprepucial, prepúcio, meato uretral ou mais raramente intra-uretral. Como resposta ao surgimento do cancro, há o aumento dos linfonodos próximos à infecção. Isto ocorre geralmente após 21 dias da contaminação (BRASIL, 2002).
          O risco de contágio é de 100% na sífilis primária. Se não tratada há o reaparecimento entre seis semanas a seis meses após o desaparecimento da lesão primária. Mesmo com o desaparecimento dos primeiros sinais da doença, as bactérias continuam a se multiplicar, levando para o segundo estágio da doença.     
         Na infecção secundária, aparece um maior número de lesões. A titulação treponêmica torna-se mais alta nessa fase com localização variada. Tronco, membros, palmas das mãos e dos pés passam também a serem alvos.   
Dentre suas características principais, observamos lesões na vulva, conhecidas como condiloma latum que se apresentam como pápulas elevadas e placas de até três centímetros de diâmetro. Logo após surgem as adenopatias e o exantema, podendo durar até oito semanas. Neste período o cuidado deve ser redobrado, pois é onde se tem o maior risco de infecção. Verificam-se outros sintomas como cefaléia, prurido, hepatoesplenomegalia, febre, artrite e doença renal (BOGLIOLO, 2007).
Nestas duas fases relatadas, a doença ainda é curável se tratada, mas não geram imunidade, podendo facilmente ocorrer a reinfecção.                                           
A sífilis terciária é gomosa pouco encontrada atualmente. O diagnóstico é confirmado por testes imunológicos, pois o exame anatomopatológico nem sempre é específico, apesar do achado característico de infiltrado inflamatório linfoplasmocitário distribuído em torno de pequenos vasos sanguíneos (BOGLIOLO, 2007).                                                                                                          
Surge um ano após a infecção primária, podendo levar até dez anos ou mais para se manifestar. Ocorre em indivíduos infectados que não fizeram tratamento ou o realizaram inadequadamente. Apresenta tumorações amolecidas que podem atingir qualquer parte do corpo e órgãos, inclusive os ossos. Não se observam, geralmente, treponemas nas lesões da fase terciária e as sorologias apresentam, usualmente, títulos baixos (PÉRET, 2007).      
         Cerca de 20% das pessoas infectadas apresentam a neurossífilis, que ocorre quando a bactéria atinge o sistema nervoso. Essa fase pode ser sintomática ou assintomática, podendo causar atrofia do nervo óptico, aneurisma, meningite aguda, crise epileptiforme. Na sua fase final pode apresentar cegueira, demência, lesão na medula espinhal, paralisia dos nervos cranianos e paralisia geral progressiva devido ao comprometimento do SNC levando à morte (FRANCO, et al., 2009).                     
          A neurossífilis pode também ocorrer nas fases anteriores, causando assim sintomas parecidos com os da meningite. De acordo com o Ministério da Saúde a taxa de transmissão vertical da sífilis em mulheres não tratadas é superior a 70%, quando estas se encontram nas fases latentes ou terciárias.                                         
          O corpo reage contra a bactéria através das úlceras no local da infecção e com a sua disseminação sistêmica é desencadeada a produção de imunidade circulante que pode se deslocar para qualquer órgão. Já as células respondem à infecção mais tardiamente não sendo possível reagir a tempo contra o agente infeccioso, ocorrendo facilmente sua multiplicação. Já a imunidade humoral não possui capacidade de proteção contra esta bactéria.                                               

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